Flagrante da visita de Nat King Cole na sede do Blog, retratado por Ício, o cartunista.
Ja vi muitos
telefones antigos. Este Antiquario tem alguns, inclusive
compartilhados através deste blog, de
amigos colecionadores, em museus, e posso dizer que “um mais lindo do que o outro”. Mas quem convive no meio e garimpa antiguidades
sempre pode ser surpreendido com algo diferente., como foi o caso deste antigo
e charmoso telefone, acoplado sobre mesa
em bronze ricamente trabalhado, com tampo em mármore. Coisa muito chique!
75 x 39
Época? Talvez
década de 40, 50, sei lá. Quem puder
colaborar informando algo a respeito da preciosidade, agradecemos, eu, e Nat
King Cole, patrono deste blog.
A peça tem
lugar de destaque no Antiquario, e não foi por acaso que a mostramos encerrando o ano de 2016.
Por falar em
encerramento do ano, convidamos Nat King
Cole, que em momentos especiais como este nos apresenta “Ansiedad”, Icio, o
cartunista que nos retratou, e Pedro Du
Bois, poeta e contista, que nos brinda com poemas, lógico, versando sobre
telefones.
Amigos Feliz Natal!
OS OBJETOS E AS COISAS
XVI – O Sono dos Objetos
(Pedro Du bois, em Os Objetos e as Coisas)
Na noite os objetos adormecem
como comuns mortais: a madeira
se distende e a pedra se condensa;
alguns vertem águas despudoradas
em falsos milagres.
O telefone é um objeto através
do qual as pessoas se desatendem:
o telefone é o ícone
do objeto que sofre a dor
alheia: o chiado, as descargas,
a mudez temporária e o fato
de não se receber qualquer chamada
faz parte do sono do aparelho.
Todos os desajustes são reportados
em relatórios ao objeto chefe:
é verídico o fato dos objetos
não fazerem greves ou paradas.
TELEFONE
(Pedro Du Bois, inédito)
Olha a cidade
o telefone toca:
saiu quem poderia
falar com você.
Nada acontece
na cidade pela janela
nem importa o quanto
desperta o telefone
não será atendido
ninguém falará com você.
Parado no tempo: ingenuamente
olha pela janela preso ao telefone
que não toca mais.
TELEFONES
(Pedro Du Bois, inédito)
O telefone emudece sentimentos
:falar sem ver a face amada
:adivinhar inflexões e caretas
:ver onde estão as mãos
e repousa o olhar.
Aparelho frio: discos
teclas
manivelas
fixos e móveis.
O telefone sem sentimentos:
ocupado
errado
fora do ar.